A palavra de Deus anima! Quando lia Mateus 19 chamou-me atenção a forma como os discípulos reagiram ao ensino de Jesus sobre o divórcio. Ao ver versículo 10, eu disse para mim “Yuuu! Já… Jesus, qual é a cena aqui que levou eles a falarem assim?” [Risos…]. Então hoje vamos estudar à respeito da reacção dos discípulos acerca deste assunto.

Leia comigo Mateus 19:9-10 “Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de prostituição, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério. Disseram-lhe seus discípulos: Se assim é a condição do homem relativamente à mulher, não convém casar.”

Trataremos da parte sublinhada mais adiante. Por enquanto centremo-nos no que os discípulos disseram. A maneira de ser e estar no casamento que Jesus acabava de ensinar era nova para casa de Israel, porém, mostra-nos como era no princípio, ou seja, aquele que foi o plano de Deus quando decidiu inventar o casamento (Mateus 19:8). Contudo, os discípulos entenderam que se fosse assim não convinha ao homem casar-se (Mateus 19:10).

Para entendermos o porquê dos discípulos pensarem desse modo, temos de ir para Deuteronómio 24 para ver o que Moisés tinha instruído sobre o casamento.

Assim se lê em Deuteronómio 24:1 “Quando um homem tomar uma mulher e se casar com ela, então, será que, se não achar graça em seus olhos, por nela achar coisa feia, ele lhe fará escrito de repúdio, e lho dará na sua mão, e a despedirá da sua casa.”

O trecho da passagem bíblica que lemos era o ensino que vigorava até ao momento em que Jesus falou sobre o casamento. Vendo a Lei de Moisés, fica tudo claro.

Moisés dava ao homem a oportunidade de experimentar e provar quantas mulheres quisesse até encontrar aquela que ele achasse que não mandaria embora [risos…].

A permissão de Moisés dava a prerrogativa de casar hoje com a Maria; e se achasse nela coisa feia, apaixonar-se por Joana, mandar embora Maria para se casar com Joana; e se descobrisse que não sabe cozinhar, podia mandá-la embora para ir se casar com uma outra que soubesse cozinhar; e se achasse que a nova já não lhe alegrava, podia mandá-la embora e casar-se novamente. Podia divorciar quantas vezes quisesse, a única coisa que não valia era voltar para a mulher que mandara embora (Deuteronómio 24:4).

Era um estilo de vida interessante para os homens [risos…]; só de não gostar do comportamento da esposa no quarto era só divorciar-se e ir casar-se novamente (Deuteronómio 24:4); e a mulher divorciada tinha oportunidade de se casar novamente.

Arrolei o lado mau da coisa [risos…]. Mas havia algo de bom nesta permissão de Moisés. É que o homem tinha a possibilidade de escolher melhor; se depois de se casar, visse que a mulher é rixosa e iracunda, podia dar carta de divórcio à moça e ir escolher outra; lembre-se que a bíblia diz que mais vale o homem morar no deserto do que com uma mulher rixosa (Provérbios 21:9) [risos…].

O ensino de Jesus veio pôr fim àquele estilo de vida. Ele acabou com o divórcio apoiado no facto de o homem ter achado algo feio na mulher. E os discípulos, ao analisarem, viram que daquele momento em diante, ainda que achassem coisa feia na mulher, já não podiam divorciar-se por aquele motivo; teriam de ficar com ela até que a morte os separasse. É por isso que os discípulos tiveram aquela reacção.

Saliente-se que era necessário que fosse daquele jeito enquanto vigorasse a lei de Moisés. Mas esse não era o plano de Deus, o Pai só permitiu por causa do coração duro (Mateus 19:8); naquele tempo era “olho por olho e dente por dente” (Êxodo 21:24). Deus viu que se o homem achasse algo feio na sua esposa poderia aplicar esse princípio, por isso Ele permitiu que se achasse algo feio na esposa se desse carta de repúdio.

Mas essa era passou. Em Cristo Jesus o nosso coração de pedra é substituído por um coração de carne e um novo espírito (Ezequiel 36:26); somos dado um coração misericordioso e que sabe lidar com as falhas do próximo; daí que Jesus nos devolve ao princípio, onde “deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher, e serão dois numa só carne. Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem” (Mateus 19:5-6); e qualquer que se divorcia e casa-se novamente, é semelhante a um do mundo que trai, ou seja, é adúltero (Mateus 19:9).

Ao levar-nos de volta à vontade de Deus, a respeito do casamento, Jesus convoca todos homens para dependerem de Deus na hora de escolher a sua futura esposa, e chama atenção ao homem sobre a responsabilidade de saber o que quer e se isso que ele quer está na mulher que está escolhendo; isto porque já não é como em Moisés que poderá ver se dá ou não dá depois de se casar. Em Cristo tem de se ver antes, e o cuidado tem de ser maior. Lembre-se, a Bíblia diz que uma boa mulher não se encontra em qualquer esquina (Provérbios 31:10-12).

A parte sublinhada (“não sendo por causa de prostituição” [Mateus 19:9]), mostra que não obstante Deus aborrecer-Se pelo facto de as pessoas divorciarem-se, abre excepção para quem se divorcia por conta do adultério (traição), casar-se uma segunda vez com alguém que não esteja numa situação de adultério. Mas enquanto meditava nessas coisas, veio-me uma palavra. A palavra dizia que essa excepção só funciona se o adúltero não se arrepende, porque ao se arrepender, o(a) esposo(a) tem o dever de perdoar (Marcos 11:26).

Neste tipo de ocasiões, muita gente tem problemas com o perdão. Aqui é preciso entender uma coisa, para haver reconciliação é preciso que nós saibamos a qual espírito pertencemos (Lucas 9:54-56). Em Cristo, onde há arrependimento, há perdão e reconciliação; e o perdão é correspondido por frutos dignos de arrependimento por parte do perdoado (Mateus 3:8).

Para quem tem problemas com perdão e reconciliação, esse tipo de mensagem soa como um discurso duro e insuportável. E depois como são mensagens que não prometem bênção, mas sim estar no centro da vontade de Deus, fica mais complicado ainda [risos…]. Muitos de nós só queremos fazer vontade de Deus quando convém. Não pode ser assim!

É contraditório orar a Deus “Seja feita a sua vontade, tanto na terra como no céu” (Mateus 6:10) e só fazermos a vontade dEle a respeito do casamento apenas quando convém.

Eu não estou a falar isto com todos, estou a dizer isto para aquela pessoa que tem em suas mãos o poder de decisão de jogar seu casamento para lata de lixo, assim como reaviva-lo. Se há arrependimento, antes de decidir tenha em conta a vontade de Deus também, foi para isso que Ele te chamou. E se é a pessoa que está na condição de perdoado, produza frutos dignos de arrependimento (Mateus 3:8).

O objectivo de todo ensino de Jesus a respeito de qualquer assunto é colocar-nos no centro da vontade de Deus; por isso Ele disse “ninguém vem ao Pai senão por mim” (João 14:6). O Pai está em Cristo (João 14:10).

Deixa-me ajudar alguém. Dentro da vontade de Deus existe leite e manjar (I Coríntios 3:2). O leite procura trazer os crentes iniciantes à vontade de Deus com promessa de bênção. O manjar é para crentes maduros e procura trazê-los a vontade de Deus sem necessariamente prometer bênção. Crente maduro sabe que tem de ser desta maneira porque no Reino dos Céus vive-se assim.

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